ceobaniucadvocacia

No momento, você está visualizando Sarau aborda violência contra a mulher em obras literárias e musicais (17/03/2025)

Sarau aborda violência contra a mulher em obras literárias e musicais (17/03/2025)

“Ainda hoje a pergunta que envolve o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, é: Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Mas isso é o que menos importa, na medida em que todo enredo diz respeito ao ciúme masculino”, analisou a desembargadora Márcia Kern, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), ao apresentar o Sarau Literário “Capitu e outras mulheres”, de sua autoria.

A obra foi apresentada em formato online para toda a 4ª Região da Justiça Federal nesta segunda-feira (17/3) à tarde, fazendo parte da programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

Apresentar o Sarau foi uma iniciativa da Ouvidoria da Mulher do TRF4, coordenada pela desembargadora Ana Cristina Ferro Blasi. “Nesta segunda-feira, fazemos uma pausa para alimentarmos a alma e o espírito”, declarou Blasi.

A magistrada pontuou que a promoção do evento pela Ouvidoria é uma forma de enfatizar a preocupação da 4ª Região com o combate à violência contra a mulher. “Embora não seja de nossa competência, tangenciamos o tema e estamos empenhados em fazer a nossa parte para construir um futuro melhor para nossas mulheres e meninas”, ressaltou Blasi.

A desembargadora Kern, que já esteve à frente da Vara de Violência Doméstica e Familiar de Porto Alegre, é mestre em literatura brasileira e sua tese versou sobre a obra Dom Casmurro. Ela criou o Sarau como uma forma de tratar do tema e convidou artistas para a ajudarem a realizar.

“Trouxemos personagens femininos que sofrem abusos em obras famosas da literatura, fazendo leituras dramáticas entremeadas de música”, explicou Kern. A interpretação de trechos foi feita pela atriz Lorena Sanchez Aparício, e as músicas tocadas ao violão e cantadas pela cantora Stephanie Soeiro.

Obras literárias

Além de Dom Casmurro, Aparício interpretou trechos dos livros Otello, de Willian Shakespeare; A Sonata Kreutzer, de Liev Tolstói; e São Bernardo, de Graciliano Ramos. As músicas executadas foram “Maria da Vila Matilde”, de Douglas Germano; “Triste, louca ou má”, de Francisco El Hombre; e uma canção de autoria de Soeiro.

Entre as leituras e as músicas, a desembargadora Kern fala sobre os livros e o tema, observando que o Brasil carregava uma estrutura legislativa misógena, o que pode se ver nas “Ordenações Filipinas”, que vigoraram durante séculos no país e autorizavam o marido a matar a esposa que manchasse sua honra.

“Devemos frisar que apenas em 2023 a tese da legítima defesa da honra foi levantada”, lembrou Kern, enfatizando que a questão do feminicídio só começa a ser realmente levantada no Brasil na década de 70, com o assassinato de Ângela Diniz por Doca Street.

Ao finalizar o sarau, a desembargadora Kern indicou como forma de aprofundar-se no tema os livros: Lei Maria da Penha na prática, de Adriana Ramos de Mello e Lívia de Meira Lima Paiva; a biografia Elza, de Zeca Camargo; e Mulheres empilhadas, de Patrícia Melo; e o podcast Praia dos Ossos, da Rádio Novelo.

ACS/TRF4 (acs@trf4.jus.br)

Desembargadora Márcia Kern
Desembargadora Márcia Kern (Foto: ACS/TRF4)

Dsembargadora Ana Ferro Blasi, Ouvidora da Mulher do TRF4
Dsembargadora Ana Ferro Blasi, Ouvidora da Mulher do TRF4 (Foto: ACS/TRF4)

Lorena Sanchez Aparício interpretou os trechos dos livros
Lorena Sanchez Aparício interpretou os trechos dos livros (Foto: ACS/TRF4)

Stephanie Soeiro cantou e tocou as músicas
Stephanie Soeiro cantou e tocou as músicas (Foto: ACS/TRF4)

A juíza federal Marciane Bonzanini, Ouvidora da Mulher da JFRS, agradeceu a desembargadora Kern
A juíza federal Marciane Bonzanini, Ouvidora da Mulher da JFRS, agradeceu a desembargadora Kern (Foto: ACS/TRF4)